quinta-feira, 11 de março de 2010

Elisah, a Ladra

Essa é Elisah, retratada pelas mãos do meu querido amigo Enrico

A Ladra e o Mago - cap.04

Assim passaram uma semana. Lithande sentia prazer em ter a companhia de Elijah, sua voz suave, sua prosa ingênua e alegre. O garoto era inteligente e aprendera com facilidade alguns acordes do alaúde e já conseguia tocá-lo com suas mãos delicadas.

Certo dia de intenso calor, Lithande decidiu se afastar dos companheiros de viagem para afrouxar um pouco as vestes, já que só poderia banhar-se no rio, quando eles estivessem dormindo.

Ao retornar encontrou-os a brincar no rio. Eram belos e jovens como raios de sol e pareciam crianças em sua alegria despreocupada. Lithande quedou-se a observar furtivo a cena, quando Elisah e Elijah num abraço afetuoso se entregaram a um beijo ardente.

Lithande sentiu queimar a estrela azul, um turbilhão de sentimentos sacudiram sua alma e os pensamentos se atropelaram febris em sua mente.

Elijah, sempre tão solícito e atencioso para com ela, derramava-se assim, nos braços da ladra! Estariam ambos tentando seduzi-la, ela com sua volúpia, ele com sua aparente inocência para envolvê-la em algum ritual ou coisa pior? Elisah era seguidora da Grande Deusa, tinha seu pálido crescente tatuado e sentia-se em falta com sua divindade por ainda ser virgem e não ter os filhos que a Deusa esperava dela. Lithande já ouvira falar nas orgias em que as seguidoras da Deusa se entregavam para encherem o ventre e a ladra deveria estar tentando conseguir um filho de um dos dois...Tola!

Esses e outros pensamentos perturbavam Lithande, que se retirou para refletir. Pensava em abandonar a viagem, o rei que fosse pedir um amuleto ao senhor dos infernos, quando ouviu o revoar dos pássaros; Elisah caçava.

Pouco depois ela surgiu, sem o gibão, os cabelos soltos caindo molhados sobre os ombros nus e as costas da camisa.

-Pensativo Lithande?

Lithande olhou friamente para a ladra

-Vou desistir da unha do gárgula. Vou deixá-los a sós.

A ladra sentou-se ao lado do Mago.

-Voltas em tua palavra?

-Sinto que estou atrapalhando vocês. Você e seu... vocês podem seguir muito bem sozinhos, não precisam de mim.

-Não, não podemos.

Lithande encarou Elisah os grandes olhos cor de mel da ladra.

-Você não pode fazer isso, Mago.

-Por quê?

-Elijah ama você.

Lithande riu sarcástico

-Não me pareceu. Ele parecia muito feliz em teus braços, Ladra.

Um brilho de indignação transpassou o olhar de Elisah.

-Estás a nos recriminar POR UM BEIJO? Tens um raciocínio tão estreito assim mago? Eu e Elijah nos beijamos porque nos gostamos e estamos felizes, mas não há nada além, porque certas coisas são para amantes e não para amigos, além do quê, eu jamais podeira me entregar a Elijah. Ele ama você com toda a pureza de seu coração.

O olhar do mago estava frio, endurecido, seus lábios finos se comprimiam num sorriso incrédulo, furioso.

-Isso é impossível, ridículo. Não há lógica nesse "amor".

Os olhos de mel de Elisah transbordavam indignação, ela não conseguia crer no diálogo que travava com o Mago.

-Por quê? Porque Elijah é homem como você? Há muitas coisas que tu desconheces peregrino e os segredos da alma de Elijah são algumas delas.

Elisah, com sua mão delicada puxou o rosto magro de Lithande e beijou os lábios do Mago, com doçura e ardor, um beijo de mulher, intensa e plena de sua feminilidade.

-Vês? Não rejeitas um beijo meu, sem qualquer sentimento porque sou mulher, mas rejeitas o amor de Elijah, por ele pertencer ao teu sexo? Tu que és um Mago, não deverias ter esses preconceitos mesquinhos da massa ignorante! Elijah tem muitos encantos e daria a vida por ti, adepto da estrela.

Elisah se levantou com um profundo olhar de desprezo e foi para junto de Elijah, deixando o Mago só.