sábado, 23 de janeiro de 2010

Elisah a Ladra - Wendel, o Bardo (Cap.2)

Wendel era um jovem coxo de uma perna mais curta que a outra, tinha uma cicatriz q lhe cortava os lábios, mas ostentava uma cabeleira negra em cachos pesados e uma voz tão intensa e melodiosa que o tornavam o mais belo dos homens.

Ele amava minha mãe e devotava-me imenso carinho, mas não tinha como sustentar-nos, então procurava sempre que podia, trocar suas canções por uma noite com ela, mesmo que fosse só para que outros homens não a tocassem; mas amor não põe comida à mesa e ele precisava sobreviver.

Foi Wendel quem cometeu a heresia de ensinar-me a ler e escrever, também a tocar o alaúde, a cantar e apesar de ser coxo, ensinou-me a andar em silêncio.

E andando em silêncio, aprendi a roubar.

Eu odiava aqueles homens e já que eles podiam roubar a dignidade de minha mãe e de tantas outras mulheres, não havia nada de errado em eu roubar algumas de suas moedas e pertences. Costurei bolsos no forro das minhas saias e roubava pelas vielas estreitas do mercado, onde todos se esbarravam tanto, que era fácil demais enfiar a mão em seus bolsos, soltar os cordões de suas bolsas...

E era fácil para uma criança, sumir no meio da multidão.

Eu na minha inocência de menina, achava que conseguiria juntar um tesouro para tirar minha mãe daquele lugar.

Hoje eu sei, que se realmente ela quisesse, teria corrido o risco de passar fome ao lado de Wendel, e com certeza teríamos sobrevivido.

Wendel me prestou ainda um outro grande favor; certo dia, ele me encontrou a atirar pedras numa árvore para colher os frutos.

- Assim é difícil Elisah. Mas você tem boa pontaria.

Ele me abraçou e pegando uma pedra, derrubou um fruto maduro.

-Amanhã lhe trarei um presente, menina Elisah.

O presente era um arco e uma bolsa com flechas e Wendel me ensinou o arqueirismo.

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