terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A ladra e o Mago - Cap.02

Elisah subiu as escadas, desfazendo a longa trança e Lythande não se furtou a pensar em o quanto a segurança daquela mulher era irritante. Oras, ela era apenas uma mulher, com toda a fragilidade de seu sexo! Várias vezes ouvira falar de Elisah, a ladra de beleza selvagem e flechas certeiras. A desenvoltura e a ousadia dela eram acintosas, próprias de cortesãs e no entanto, dizia-se que era casta como uma menina e que todos que tentaram tomá-la pela força, morreram.

Lythande sorriu, pensando que não seria ela a tomar a ladra pela primeira vez, enquanto subia para o quarto, acompanhada por Vissek, que carregava uma bandeja com carne, pão, frutas secas e vinho.

Após a saída do taverneiro, Lythande certificou-se de que não havia frestas por onde pudesse ser observada, para em seguida despir o pesado manto, as adagas presas à cintura e por de lado as botas de peregrino. Era o instante de liberdade de Lythande, que comeu e bebeu prazeirosamente, para logo em seguida, enrolar algumas ervas secas e acendê-las na lareira, aspirando a fumaça relaxante.

Elisah... só mesmo com a fama de assassina da ladra para uma mulher ser respeitada em Gandrin. Na juventude de Lythande, já perdida na curva do tempo as coisas eram diferentes; nunca uma mulher sozinha seria tratada da maneira que Elisah era. Naquela época, restaria à ladra apenas o abrigo seguro de vestes masculinas, assim como a Lythande, único refúgio onde uma mulher poderia fugir de seu destino. Lythande sorriu maliciosa, envolta na fumaça, pensando em como Elisah ocultaria o corpo voluptuoso em vestes masculinas.

Lythande, aquela que renunciara ao universo feminino, para tornar-se um Mago Adepto da Estrela Azul, se ergueu e recitou pequeno feitiço, protegendo o quarto.

Afinal no aposento ao lado, havia uma ladra.

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